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SOCIEDADE X LEGISLAÇÃO

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Propaganda se ajusta às restrições impostas pelos avanços sociais

Até as crianças gostam?

Embora oficialmente o registro da primeira agência de propaganda no Brasil remeta à Eclética, do jornalista João Castaldi em sociedade com o empresário Jocelyn Benaton, fundada em 1914 na cidade de São Paulo, a atividade no país começou um pouco antes, em 1891, com a criação da Empresa de Publicidade e Comércio, que produzia classificados anunciando remédios, fortificantes e elixires, prometendo vigor e o bem estar das senhoras.

Mas também não é errado dizer que a publicidade já se fazia presente no país no início do século 19, através de anúncios à procura de escravos fugidos, divulgando serviços de diligência entre o Rio e Santos ou vendendo imóveis. Essas peças eram veiculadas na Gazeta do Rio de Janeiro, fundada em 10 de setembro de 1808, marcando o início da imprensa brasileira.

Procura-se escrava no século 19

Concentrada nos 104 anos que separam a primeira agência do setor dos dias atuais, a publicidade hoje difundida através de múltiplos meios e plataformas digitais, evoluiu do meio jornal junto com as conquistas, adequações e proibições da sociedade.

O Instituto Alana, que visa defender o público infantil do que considera propaganda ofensiva às crianças, luta há mais de 15 anos pelo projeto de lei que na Câmara dos Deputados avalia a defesa das indústrias de brinquedos e alimentos.

Cigarro na mesa do médico?

Segundo um parecer do Conselho Federal de Psicologia, “a publicidade tem maior possibilidade de induzir ao erro as crianças até os 12 anos, quando não possuem todas as ferramentas necessárias para compreender o real”. Conforme o documento crianças mais novas, não conseguem diferenciar entretenimento de propaganda.

O fortalecimento e empoderamento feminino também conseguiu conquistas com relação à posição da mulher na publicidade. Nesse caso, porém, grandes anunciantes já viraram o disco e colocam a mulher no seu devido lugar com direitos iguais como consumidora.

Quem lava a louça?

Bombril, Dove, Avon, Boticário, Natura, entre outras, elevaram a mulher ao patamar principal de suas campanhas, valorizando a beleza real e se colocando como contraponto especialmente às ainda insistentes propagandas de cerveja que continuam valorizando o apelo sensual para vender o produto para o público masculino.

Incentivo ao armamento

Com relação à publicidade de tabaco, o país avançou naturalmente com o resto do primeiro mundo e passou a proibir, inclusive, sua divulgação nos pontos de venda. Se deve haver liberdade para quem fuma, da mesma maneira é imprescindível proteger a população do fumo passivo.

Já a propaganda de armas de fogo há muito foi extinta dos manuais das agências de publicidade, embora ações isoladas, como do Instituto Defesa, propaguem que recuperar, ampliar e conservar o direito de acesso às armas é uma forma legítima do cidadão se defender.

E apesar da proibição dessa publicidade ser oficial no Brasil, a campanha do Armamento circula livremente em redes sociais, desafiando a legislação.