Opinião

CADÊ AS CAMPANHAS?

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Em 21 de Março se comemora o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial

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O Brasil tem a segunda maior população mundial da diáspora africana depois da Nigéria. Em 2022, cerca de 92,1 milhões de pessoas (ou 45,3% da população do país) se declararam pardas e 20,6 milhões (10,2%), pretos.

Mesmo assim, são raras no país as campanhas publicitárias que celebram o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, instituído em 1966 pela Organização das Nações Unidas. A data remete ao massacre de Joanesburgo, quando 69 pessoas foram mortas e 186 feridas em protesto contra a Lei do Passe.

A tal lei obrigava os negros a portarem um papel autorizando-os a se deslocarem para determinados locais, principalmente aqueles habitados pela população branca.

A luta contra essa nefasta discriminação ganha cada vez mais força atualmente através do futebol, esporte que tem no brasileiro Vinícius Jr, jogador do Real Madri, um ícone, que sofre literalmente na pele o preconceito

O tema, porém, é antigo e mundial. A primeira manifestação de alcance global é a campanha da marca italiana United Collors of Benetton, de 1991.

Um comercial do ano 2000, criado em Portugal pela agência Lowe & Lintas, com o título “Desprezível” “(Despicable), foi um dos pioneiros a denunciar e responder de forma inteligente a atitude racista de uma passageira em transporte aéreo. E continua atual como nunca. (assista abaixo).

O filme foi criado por Marcelo Lourenço, atual fundador e CCO da agência Coming Soon, de Lisboa, com Pedro Bexiga, Alexandre Montenegro e João Pelotte.

Um tapa com luva de pelica na cara de quem, em pleno século XXI, ainda comete esse crime.

No Brasil, porém, a propaganda se manifesta com relação ao assunto muito mais em 20 de novembro, quando se comemora o Dia da Consciência Negra.

Valeria também celebrar o Dia Mundial, já que a vítima atual dessa luta é um brasileiro guerreiro, que com sua arte e talento futebolístico se posiciona de forma corajosa contra parte de um país infelizmente com traços de racismo.

E, antes que alguém, comente o título desse artigo, “O advérbio “cadê” é um brasileirismo que ainda conserva certa carga de informalidade, mas não pode ser considerado uma palavra “errada” pelo menos desde o último quarto do século 19.