MERCADO COMEMORA DEMOCRACIA DA VOZ

Durante mais de 30 anos, o Clube da Voz, criado em 1992, foi a única conexão entre os mais importantes locutores do país com o mercado publicitário, oferecendo seu casting com mais de 100 vozes de várias gerações e diferentes estilos.

Lançada na última semana, a nova plataforma VozUp, iniciativa de Antonio Viviani e Tony Astassiê, se apresenta como alternativa de prestação de serviços de locução comercial.

O projeto democratiza o setor com uma concorrência saudável que caracteriza praticamente todos as atividades profissionais.

Maior prova dessa democratização é o casal de locutores Simone Kliass, que decidiu permanecer no elenco do Clube da Voz, enquanto seu marido, Jason Bermingham passa a integrar o time da VozUp.

Um time aliás que agora conta com locutores e locutoras de reconhecida trajetória na locução comercial, como Jorge Helal, KK, Ana Paula Aquino, Helen Helena, Irineu Toledo, José Rubens Chachá, Leonardo Muller, Luiz Guilherme, Nelli Sampaio, Wellington Oliveira, Edinho Moreno, Cassiano Ricardo, Nelson Gomes e os próprios Viviani e Astassiê, entre outros.

Thomas Roth, músico, cantor, compositor e produtor, fundador da produtora de som Lua Nova, lembra que em tempos de mudanças, quebra de paradigmas, desconstrução de formatos antigos, surgimentos de novas ferramentas e novos modelos de negócios, parece oportuno e lógico que apareçam “novos modelos” na área dos profissionais da voz também.

“As mídias se multiplicaram, especialmente no digital, e isso acabou gerando mais oportunidades de trabalho. Por outro lado, com o surgimento dos bancos de imagens, bancos de trilhas e outras facilidades, houve um progressivo movimento de barateamento de toda a cadeia da produção audiovisual. Com isso, muitos profissionais, excelentes, deixaram de trabalhar”, explica.

“Lá pelas décadas de 60, 70, 80, as vozes tinham um padrão clássico. As locuções eram feitas por profissionais que tinham o chamado vozeirão. Depois, no final dos anos 80, nos 90 e 2000, tivemos a era dos atores. Foi, também, uma época em que as mulheres começaram a romper a bolha. A partir da segunda década do século 21, o mercado passou trabalhar com vozes normais. Pessoas com vozes comuns”, detalha.

“Assim sendo, acho correto e muito saudável, essa iniciativa. Acho que é uma tentativa de colocar mais holofote em seus nomes e no seu time. De oferecerem seus serviços a uma gama maior de clientes, de abrirem novas frentes”, conclui.

Quem também aborda o tema “vozes normais” é o ator e locutor Luiz Guilherme, que nunca pertenceu ao Clube da Voz mas se juntou ao novo VozUp.

Vinte anos antes de iniciar oficialmente sua carreira, aos 11 participou do seriado “Vigilante Rodoviário”. Hoje, é figura constante no teatro, cinema e televisão, tendo participado de séries e novelas em praticamente todas as grandes emissoras do país, além de ser a voz oficial do canal MegaPix há 12 anos.

Dono de voz potente, Luiz Guilherme explica que a recente preferência do mercado por vozes normais acabou diminuindo os convites aos locutores tradicionais, somando-se à essa queda o “etarismo” que discrimina profissionais de mais idade.

“As pessoas acham que estou empostando, mas essa é a minha voz natural. Hoje ouvimos locuções na TV de vozes que nós mesmos não reconhecemos. Por isso aplaudo a iniciativa VozUp e estou feliz de fazer parte desse projeto do Viviani e do Tony”, completa.

Em fevereiro do próximo ano a CINE vai completar 30 anos. Raul Doria, fundador, presidente e produtor executivo, sócio dos diretores de cena Clóvis Mello e Cris Vida, já trabalhou com locutores de comerciais de todos os tipos, gêneros e estilos.

Para ele, os locutores sempre o surpreenderam pela união e organização. Mas lembra que os novos e complexos tempos de Inteligência Artificial justificam iniciativas como o VozAp, de adaptação e ampliação na prestação de serviços.

“Os profissionais envolvidos têm uma trajetória de dedicação, profissionalismo e entusiasmo. Desejo-lhes muito sucesso”, concluiu.