JULINHO: ARTISTA, CINEASTA E PUBLICITÁRIO

O que pouca gente no mercado publicitário sabe é que Julinho Xavier era formado em Química Industrial pelo Liceu Eduardo Prado, curso concluído em 1994.

Mas o que todo mundo sabe é que ele dirigiu em 1987, com muito talento, “O primeiro Sutiã”, com certeza o comercial mais importante da moderna publicidade brasileira, em 1987.

O filme foi criado na então W/GGK por Camila Franco e Rose Ferraz, com direção criativa de Washington Olivetto e produzido pela Espiral.

Julio Cézar Xavier da Silveira, que foi sócio da Bossa Nova Filmes, deixou este mundo neste sábado (28).

Estrelado por Patricia Lucchesi, o filme criou um bordão no país a partir do slogan “O primeiro Valisère a gente nunca esquece”.

Sua parceria com Olivetto rendeu muitos outros comerciais históricos da propaganda brasileira, como “O melhor amigo do carro e do dono do carro”, criação de Ruy Lindenberg e Gabriel Zellmeister, que celebrizou o cachorrinho Basset ícone dos amortecedores Cofap.

“A morte do orelhão”, da DPZ para Telesp, é outra obra prima do diretor que retratou com imagens a ideia de Neil Ferreira e José Zaragoza.

“Ele vê a propaganda através da câmera, do vídeo, da moviola, de todos os sofisticados equipamentos usados para a realização de comerciais”, disse sobre ele em 1995 Francesc Petit, em artigo na Folha de Paulo.

O “P” da DPZ deixou uma frase para reflexão: “no nosso país há muitos preconceitos, assim como o publicitário não pode ser ao mesmo tempo artista, ou o diretor e cineasta, não é considerado um publicitário”.

“É curioso esse preconceito que chega a raia do racismo profissional, ignorando o talento de brilhante criatura que, graças à sua genialidade, muitas agências têm êxito no mercado nacional e internacional”, completou.

Julinho Xavier foi artista, diretor cinematográfico e publicitário. Um gênio da propaganda.