Polêmica

INSTITUTO ACUSA ABA POR MANUAL

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Guia do Marketing Infantil é criticado por Programa “Criança e Consumo”

A luta entre o Instituto Alana, que atua com o Programa “Criança e Consumo”, e a Associação Brasileira de Anunciantes, está longe de terminar.

Nesta última segunda-feira (27), a entidade enviou carta à ABA acusando o Guia do Marketing Infantil, enviado pela associação às empresas anunciantes, de conter informações e orientações equivocadas.

Segundo o Alana, o manual comete erros conceituais sobre publicidade infantil, interpretações enviesadas da lei e equívocos graves do ponto de vista ético, ao ignorar a ilegalidade da prática de publicidade direcionada ao público abaixo dos 12 anos de idade.

A ABA, por sua vez, continua defendendo o Marketing Responsável, afirmando que no Brasil, como na maior parte do mundo, a publicidade infantil não é proibida, mas bem regulamentada.

Para a presidente da associação dos anunciantes, Nelcina Tropardi, tentativas de banimento e intervenções desproporcionais são inconstitucionais e ilegais.

“A busca do marketing responsável é um dever do Anunciante, assim como é seu direito de lutar pela liberdade de anunciar”, escreveu a executiva na apresentação do guia.

Como lembra Sandra Martinelli, presidente executiva da ABA, existe no país legislação e autorregulamentação sobre o tema, que carrega, ainda, mitos e polêmicas a respeito da publicidade, promoções e ações educativas para crianças.

Conforme a carta da Alana, porém, entre os equívocos do manual está a afirmação incorreta de que não haveria qualquer relação de causalidade entre publicidade infantil e consumismo, obesidade infantil e consumo excessivo de produtos industrializados, com altos índices de açúcar e baixo teor nutricional.

Para o instituto, renomados estudos nacionais e internacionais apontam o oposto. Além disso, acusa que o guia da ABA chama de “polêmicas desnecessárias” duas táticas notadamente abusivas de publicidade infantil: a realização de publicidade em escolas e a oferta de brindes.

Da mesma forma nega que a autorregulamentação seja suficiente para coibir abusos, desconsiderando as limitações quanto ao seu alcance e efetividade. Também acusa a entidade de criar uma falsa oposição entre a proibição da publicidade infantil e o direito à livre manifestação de ideias.

Por fim, recomenda à ABA que estimule e oriente as empresas anunciantes a mudarem suas condutas, passando a direcionar campanhas publicitárias e ações de marketing exclusivamente aos adultos, responsáveis pelas decisões de compra.

“É inadmissível que a Associação Brasileira de Anunciantes venha a público disponibilizar um manual que orienta seus associados a descumprirem a legislação brasileira vigente, que já proíbe a publicidade direcionada ao público infantil. Não é justo permitir que empresas falem diretamente com as crianças, promovendo os produtos e valores que lhes convêm, atravessando a autoridade familiar, culpando exclusivamente mães, pais e responsáveis pelas conseqüências negativas da publicidade infantil”, diz Livia Cattaruzzi, advogada do programa Criança e Consumo, do Instituto Alana.