Polêmica

UM TIRO NO PÉ DO MARKETING

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Clube mineiro que contratou goleiro Bruno Fernandes mirou na fama e acertou na rejeição

Três dias após anunciar a contratação de Bruno Fernandes das Dores de Souza, de 33 anos, o Boa Esporte Clube promoveu a apresentação do goleiro condenado a 22 anos e 3 meses pelo assassinato de Eliza Samudio, em 2010, já sem seus cinco patrocinadores.

A fornecedora de material esportivo Kanxa, o grupo fabricante de pré-moldados Gois e Silva, a Nutrends Nutrition, rede Cardiocenter e Magsul Ressonância Magnética, suspenderam seu apoio financeiro ao time.

E além de protestos da população feminina de Varginha, a própria prefeitura da cidade avalia romper contrato, celebrado há seis anos, que levou o Boa a instalar sua sede no município e mandar jogos no estádio Dilzon Luiz de Melo, o Melão, com capacidade para pouco mais de 15 mil pessoas.

Original de Ituiutaba, onde surgiu em 1947 como Boa Vontade Esporte Clube, o time se profissionalizou em 1998 e atualmente disputa a série B do Brasileirão e o módulo 2 do campeonato Mineiro.

A ousadia do clube levou novamente Varginha ao noticiário mundial, 21 anos depois da suposta aparição de uma nave espacial que despejou E.Ts pela cidade.

Rone Moraes, presidente do Boa Esporte Clube, responsável pela contratação do goleiro que ganhou liberdade provisória para esperar julgamento de 2ª instância, desdenhou saída de patrocinadores e ameaça da prefeitura.

Segundo ele, a agremiação está dando uma segunda chance a Bruno e promovendo sua ressocialização. Prometeu anunciar um novo patrocinador máster até o fim da semana e também afirmou que se a prefeitura de Varginha não quiser mais o time na cidade ele se muda.

Não há dúvida que a presença de Bruno em campo, após seis anos e 7 meses de prisão, vai causar curiosidade. Para o bem ou para o mal, estádios vão receber um público ávido por vê-lo atuar, xingá-lo e protestar contra sua condição de liberdade.

Da mesma forma, transmissão de partidas com o goleiro podem atrair audiência. Aliás, nunca se falou tanto do Boa Esporte na televisão brasileira e na imprensa internacional. Afinal, pesquisas realizadas por vários órgãos de imprensa apresentam basicamente o mesmo resultado: 82 ou 83% do público condenam a contratação, enquanto 17 ou 18% a aprovam.

Mas também seria bom o clube lembrar que em razão da comoção popular e da exposição do caso, o julgamento de sua apelação no tribunal de Contagem pode enfim ser acelerado, com o risco de sua volta à cadeia.

Aí, sem patrocinadores, sem goleiro, sem parceria com a prefeitura de Varginha, sem apoio popular, qual será o futuro do Boa Esporte Clube?