Cannes 2022

UM GRAND PRIX LUSO-BRASILEIRO

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Viton e Athayde com o troféu

Foram 30 anos de espera desde o primeiro Leão conquistado por Portugal.
Nesta edição, o país finalmente comemorou seu primeiro Grand Prix.

E o que há de comum entre os dois feitos? O mesmo personagem. O carioca Edson Athayde assina os dois trabalhos. Há 32 anos vivendo em Lisboa, o criativo, atual CEO e CCO da FCB Lisbon, ainda teve a parceria de outros dois brasileiros, os gaúchos Viton Araújo e Diego Torgo.

A campanha “Portuguese (Re) Constituition”, criada para Penguin Books, é o Grand Prix de Design desta edição do Cannes Lions.

O projeto, que visa celebrar a liberdade de expressão, é uma reformulação da Constituição Portuguesa de 1933 através da técnica blackout poetry, forma de poesia visual que consiste em destacar palavras, ou rasurar outras, em páginas extraídas de livros velhos.

Vários poetas e ilustradores passaram o lápis azul sobre esta Constituição até ficarem destacadas algumas palavras que revelassem os valores do 25 de abril, data que remete à Revolução dos Cravos, há 48 anos, que depôs o regime ditatorial e implanto a democracia no país.

O livro foi lançado em colaboração com a Penguin Random House no último dia 25 de abril e agora faz parte da coleção permanente do Museu do Aljube, instalado na antiga Prisão do Aljube, em Lisboa..

Edson Athayde foi pioneiro em vários feitos de Portugal em Cannes. Em 1992 conquistou os primeiros Leões de Ouro e de Prata do país e, em 1996, tornou-se o primeiro criativo português a integrar o Júri do festival.

As ilustrações de “(Re)Constituição Portuguesa” cobrem partes redigidas da constituição, deixando apenas a imagem e os poemas recém-criados nas páginas. Com 58 obras a Penguin criou um livro encadernado que se tornou um best-seller. Também é do país.

“Nunca. Nunca pare. De aprender. De estudar. De crescer. Nunca desista. Nunca aceite como verdade o que de mal dizem contra si. Nunca se apequene. Nunca acredite em milagres. Nunca durma além da conta. Nunca deixe para depois. Nunca renuncie aos seus valores. Nunca se isole, pois ninguém faz nada sozinho. Nunca diga não a uma ideia, as ideias são as coisas mais frágeis do mundo, merecem ser estimuladas e não amputadas. Quem não gosta de ideias não gosta da vida. Nunca diga nunca. Pois o nunca é sempre provisório. O nunca só é nunca para quem morre”, escreveu Edson Athayde para comemorar seu primeiro Grand Prix.