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“NOSSOS COMERCIAIS, POR FAVOR”

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O criador da mais famosa vinheta de chamada do intervalo na TV é o personagem do livro “Senhor TV, a Vida Com Meu Pai”, da Matrix Editora. O autor tem o mesmo nome do homenageado, com o acréscimo do Júnior. Flávio Cavalcanti Júnior atuou por muitos anos ao lado do pai e também em empresas de comunicação, nos seus 45 anos de carreira.

Pode-se afirmar que ao lado de Chacrinha e Silvio Santos, Flavio Cavalcanti é uma das lendas da televisão brasileira, um ícone de sua época, entre as décadas de 50 e 80.

O famoso apresentador, carioca nascido em 1923, faleceu em 1986. Além da célebre frase “Nossos Comerciais, por favor”, também foi o criador do formato de júri na TV, utilizado até hoje nos mais variados tipos de programas.

Pela extinta Rede Tupi, apresentou a primeira atração exibida em rede nacional e que se tornaria líder de audiência. Lançou dezenas de cantores de enorme sucesso como Alcione, Emílio Santiago e Fafá de Belém.

Polêmico, se não gostava do que ouvia, porém, não se acanhava em quebrar diante das câmeras os discos que entendia conter músicas e letras de baixa qualidade.

O livro é um relato apaixonado de quem acompanhou o apresentador por uma vida inteira. A obra permite entender com detalhes como pensava e agia Flavio Cavalcanti. Seu diferencial era o estilo polêmico, que ele cultivava com gosto, e que lhe rendeu problemas, desafetos, mas, claro, muita audiência.

Em “Senhor TV”, Flavio Cavalcanti Junior dá acesso aos bastidores da rotina pessoal e profissional do pai. Ele reforça a face corajosa do pai que enfrentou até mesmo a ditadura. Apesar de ter apoiado o movimento militar em seus primeiros momentos, Cavalcanti se colocou contra o governo assim que percebeu que ele havia instaurado uma ditadura.

“O livro desvenda como funcionava a cabeça do meu pai, suas ideias, sua coragem, suas aparentes contradições e seu refúgio junto a família”, afirma o autor.

Assim como a vida, a morte do apresentador também marcou a história. Em 22 de maio de 1986, após chamar os comerciais, Flavio Cavalcanti não voltou do intervalo para dar sequência a seu programa. Uma isquemia no coração o levou para o hospital, onde ele morreu quatro dias depois.

O falecimento motivou o SBT a substituir a programação do canal por uma nota de pesar durante 24 horas. Este momento notável é apenas uma representação do impacto de Cavalcanti para a TV brasileira e de sua ligação inegável com o público.