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O AGRO VAI MUDAR SUA COMUNICAÇÃO

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Rodrigues: inclusiva e para diferentes nichos

Ministro da Agricultura durante o primeiro governo de Lula da Silva, entre 2003 e 2006, o engenheiro agrônomo paulista Roberto Rodrigues estreou o evento “ABMRA Ideia Café”, promovido pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio para associados e convidados.

Não há paz onde há fome. Um homem com fome fica bravo. Uma mãe com filhos com fome é guerreira. Mil dessas mães fazem uma revolução”, destacou o ex-ministro para reforçar a importância do setor.

Para ele, porém, é preciso que o agronegócio se ajuste às mudanças sociais e mude sua forma de se comunicar. “Ela tem de ser mais inclusiva e voltada para os diferentes nichos”, explicou.

Atualmente Rodrigues é coordenador do GVAgro, centro de excelência da Fundação Getúlio Vargas que visa contribuir para o desenvolvimento do agronegócio do País.

“Historicamente, dizemos que o Brasil é o celeiro do mundo. O mundo sabe disso, mas será que nos valoriza tanto por isso?. Grandes clientes dos alimentos brasileiros, os chineses têm visão estratégica. Hoje, nossos produtos são essenciais para eles, mas, e no futuro? Será que nos valorizarão da mesma forma somente porque somos grandes fornecedores? Claro, podemos produzir mais e mais, porém, costumo dizer que desastre não é a falta de alimentos, mas a abundância, pois se não tiver para quem vender terão de ser descartados. É aí que a mensagem de segurança alimentar e produção sustentável tem de se encaixar”.

Também convidado do “ABMRA Ideia Café”, Caio Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, trouxe para a discussão o exemplo da União Europeia. Lá, os produtores estão pleiteando o uso de reservas de terras em descanso para a produção agrícola, objetivando se prevenir contra a escassez de alimentos devido à guerra. A notícia está sendo saudada pelo mundo, porém representa a virada de costas da UE para a produção sustentável. Mas, e nós que divulgamos sempre que preservamos o meio ambiente? Por que o mundo não compra nossa mensagem e aceita o que a União Europeia vai fazer? É a guerra da comunicação, e a estamos perdendo”, disse o presidente da ABAG.

Ricardo Nicodemos, presidente da ABMRA, lembrou que a entidade, a ABAG e a ABIA (Associação Brasileira da Indústria da Alimentação) conversam sobre a importância de coordenar a comunicação em todos os elos da cadeia da produção de alimentos, da fazenda à indústria.

“Saímos de importadores para exportadores de alimentos, porém parece que a comunicação não acompanhou essa dinâmica. Se não contarmos nossa história alguém a contará da maneira que quiser”, afirmou.

Júlio Cargnino, considerou a conversa com Roberto Rodrigues produtiva.

“A importância da comunicação nunca foi tão relevante para manter o Agro competitivo, respeitado e pujante”, concordou Júlio Cargnino, vice-presidente da ABMRA e coordenador do evento.

Também participaram do debate, os jornalistas Mauro Zafalon (Folha de S. Paulo), Vera Ondei (Forbes), Giovani Ferreira (Canal Rural) e Cassiano Ribeiro (Globo Rural).