Opinião

ESCORREGOU NO PELOURINHO

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Publicitário José Boralli envia nota à imprensa se desculpando pelo post infeliz

Boralli: post infeliz

Se há uma atividade da Economia brasileira que deve muito aos nordestinos, é a Publicidade.

Foi com o baiano Duda Mendonça, nos anos 80, que o setor rompeu a barreira do eixo São Paulo-Rio e passou a olhar para outros mercados regionais.

E foi no final dessa década que surgiu uma das agências ícones da criatividade brasileira, fundada por outro baiano que, após ter se revelado trabalhando com Washington Olivetto, também foi buscar em Cannes os principais prêmios da propaganda mundial para o Brasil.

Nizan Guanaes fundou a DM9 com um baiano expert em administração financeira, Guga Valente. É outro baiano, também da área Criativa, Sergio Gordilho, quem recebeu a incumbência de comandar com Marcio Santoro a Africa, hoje principal agência do grupo que Nizan e Guga construiram.

É outro pupilo baiano de Nizan Guanaes, Sergio Valente, ex-presidente da DM9 DDB, quem comanda atualmente a Comunicação da maior emissora de TV da América Latina, a Rede Globo.

Foi contra todas essas evidências que foi visto o “post” infeliz de José Boralli ao comentar no Instagram o resultado do primeiro turno das eleições de domingo.

Tão infeliz, a ponto de dizer, e se arrepender, que nordestinos votam no PT e depois vem ao Sul e Sudeste pedir emprego. Emprego que lhe deu Nizan Guanaes por oito anos na DM9 e desde março deste ano na Africa, como diretor de Atendimento de uma unidade de Negócios que atende um dos maiores clientes da agência, a Vivo.

Justamente numa agência cujo nome é uma exaltação à diversidade brasileira e uma homenagem às origens do país, como justificou Nizan no seu lançamento.

Sim, Boralli é um profissional extremamente competente, como reconheceu Marcio Santoro em sua contratação pela Africa. Não fosse, e não teria presidido empresas da área como a Momentum e a B/Ferraz. Não teria passado por JWT, Almap, por aqueles oito anos na DM9, na vice-presidência da WE e nem teria chegado à Africa.

Oficialmente suspenso pela agência após o comentário, Boralli apagou o “post” e se desculpou pela forma como se dirigiu aos nordestinos, que votaram pela sua preferência política, como convém à uma democracia.

A atitude mais parecida como a de um fanático dirigente de torcida organizada do futebol, não tem sentido na publicidade nem numa sociedade que deve muito culturalmente a nordestinos como Jorge Amado, Ariano Suassuna, Aurélio Buarque de Hollanda, Castro Alves, José de Alencar, Gilberto Freyre, Dias Gomes e Glauber Rocha, entre tantos outros.

Buscar motivos para a votação expressiva do PT no Nordeste não é tarefa tão difícil ao se considerar a origem em Garanhuns, Pernambuco, de seu líder Lula da Silva, e à sua prioridade em projetos para a região.

Não cabe discutir o lado certo ou errado de quem votou em quem. Cada um vai colher seus acertos e pagar por seus erros na decisão do dia 28.

Certamente, o peso dos votos do Nordeste, que aliás foi menor este ano do que na eleição de 2014, terá tanto valor quanto aqueles do sul, sudeste, norte e centro-oeste, contra ou a favor.

COMUNICADO DE JOSÉ BORALLI

Vou pedir desculpas quantas vezes for necessário. Fui capturado pelas discussões calorosas e desrespeitosas das  redes sociais. Fiz o mesmo . Peço desculpas aos nordestinos, aos meus colegas de trabalho e minha empresa. Estou arrependido. Terei a partir de agora um novo comportamento nas redes, mais agregador e respeitando todas as opiniões. Respeito é tudo” .