Sem categoria

O ESTRAGO JÁ FOI FEITO

Publicado em
José Borghi e Valdir Barbosa: dura missão

Ninguém pode saber quanto tempo levará a investigação sobre a suspeita de desvio de comissões de publicidade que atinge a Borghi Lowe. Nem o resultado. Mas uma certeza a respeito já se tem. O arranhão na imagem da agência vai exigir muito trabalho para ser reparado. Basta abrir a página da agência no Facebook  Entre menções de solidariedade, vários comentários praticamente condenando a agência antes de qualquer julgamento. Não há dúvida de que contas públicas tem muita responsabilidade no fato da butique criativa aberta em 2002, que virou sócia de um grupo internacional quatro anos depois e totalmente multinacional em 2012, fechar 2014 em quarto lugar no ranking brasileiro. Obra de Ricardo Hoffmann, preso pela operação Lava Jato, que o presidente e o VP e diretor geral da agência, José Henrique Borghi, e Valdir Barbosa, conheceram ainda na Newcomm Bates, onde os três atuaram no final dos anos 90. Sem dúvida ele foi fundamental na conquista das contas da Caixa, Ministério da Saúde, Petrobras Distribuidora e BNDES. O fato de ser ex-funcionário desde o final do ano passado também não servirá de argumento para que a agência seja investigada a fundo. Uma triste situação para o criativo Borghi, que com o futuro sócio Erh Ray, na DM9, formou entre 94 e 99 uma dupla com trabalhos premiadíssimos como a campanha Mamíferos da Parmalat e o comercial Carlinhos sobre Síndrome de Down. Em 2002 realizaram o sonho de criar sua pequena agência. Assediados por gigantes como Nizan Guanaes e Eduardo Fischer, além da JWT brasileira, só fecharam negócio quatro anos depois, em 2006 com o grupo Lowe. Em 2012 Ray deixou a sociedade e sua parte para o sócio internacional. E é aos clientes privados que conquistaram com essa grife, como Unilever, Boerhringer, Adria e 3 Corações, basicamente, que terão que explicar seu envolvimento em denúncias de corrupção. A Borghi Lowe pode até ser absolvida nesse episódio desde que se prove que Hoffmann agiu por conta própria e do grupo armado pelo ex-deputado André Vargas. Mas, sua imagem, infelizmente, vai conviver com uma mancha que pode se espalhar pelo mercado e por agências que um dia acreditaram ser possível trabalhar dentro da legalidade para um governo que abriga agentes suspeitos em suas empresas e ministérios.