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A UTOPIA DO CONSUMO FÁCIL

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Não há milagre na economia quando se gasta mais do que se arrecada, reforça FHC em evento do LIDE

FHC: governos no caminho oposto

Em sentido contrário à exigência mundial de integração total, modernização via tecnologia, avanços sociais concretos e baseados em uma economia sólida, os últimos três governos brasileiros decidiram apostar numa utopia regressiva.

A liberação de créditos desenfreada e a política enganosa de proporcionar poder aquisitivo à população mais carente apenas conseguiu desequilibrar as finanças públicas e acarretar no caos econômico vivido hoje no país.

Some-se a isso, os “mensalões” e “petrolões” criados para saciar o apetite financeiro de boa parte dos políticos em nome de um projeto de poder, e chegamos à um tempo de total descrença nas instituições.

Em resumo esse foi o quadro desenhado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a empresários sobre o momento atual, embora otimista por natureza, ele tenha pedido o restabelecimento da esperança.

Ladeado pelo governador Geraldo Alckmin e pelo prefeito João Doria Jr, ele foi a estrela do almoço-debate LIDE deste mês de setembro, uma iniciativa do Grupo de Líderes Empresariais, presidido pelo ex-ministro Luiz Furlan.

Principal mentor do Plano Real, como ministro da Fazenda de Itamar Franco, FHC disserta com o aval de quem foi presidente da República por dois mandatos, entre 1995 e 2003, pleitos que ganhou ainda em primeiro turno.

Para ele, as instituições perdem cada vez mais força por sua postura formal e lentidão de respostas a assuntos que a Internet populariza com sua rapidez tecnológica.

“Essa descrença da população, somada à uma má condução política e a desmoralização da classe pela corrupção praticada no meio, só agrava a desorganização das finanças públicas”, disse ele.

Como ele explicou, o governo não pode resolver tudo, isso é ilusão. “Não é fácil mexer nas finanças públicas, afirmou, tendo passado também por barreiras para aprovar em sua gestão a reforma da previdência que agora se tenta estabelecer.

“Não sou contra sindicatos, mas quando há centenas deles de olho no dinheiro público, quando políticos fundam partidos atrás de dinheiro, e de tempo na TV para barganhar cargos, isso não pode dar certo”, disse.

“Temos hoje na Câmara representantes de 28 partidos. Não é possível que existam 28 ideologias políticas diferentes no país”, condenou.

Mas declarando-se otimista, Fernando Henrique Cardoso acredita que o país possa vencer essa crise política e acima de tudo a crise moral por que passa o país. “Temos que restabelecer a confiança”, concluiu.