Ação Social

DESFILE REFORÇA O S.O.S ATACAMA

Publicado em
Foto de Maurício Nahas

O Lixão do Atacama, considerado como o local de maior descarte de roupas a céu aberto do mundo, foi cenário para um desfile diferente, batizado de Atacama Fashion Week, ação criada pelos de criativos Rodrigo Almeida, Rafael Gil e Marcello Noronha, da Artplan. A campanha será veiculada na América do Sul, EUA e Europa.

O deserto possui mais de 59 mil toneladas de peças descartadas pelo mercado fast fashion entre jaquetas, camisetas e calças jeans.

Inspirado nas grandes semanas de moda, modelos vestiram looks feitos com roupas despejadas no local para alertar sobre o descarte incorreto de roupas e a importância da moda circular nos dias de hoje.

A ação foi realizada em parceria com as ONGs Desierto Vestido, Fashion Revolution e Instituto Febre, com fotos de Mauricio Nahas e a produção audiovisual da SugarCane Filmes.

No mundo da moda, esse problema já é conhecido, mas nada de muito efetivo é feito pelos principais envolvidos. Por isso, a iniciativa traz o que o universo fashionista sempre presta muita atenção, ou seja, um evento ao estilo das principais semanas de moda que acontecem em Paris, Milão, São Paulo e Londres.

O Atacama Fashion Week teve com um desfile de moda em pleno lixão do Atacama, com modelos vestindo looks feitos por produtores a partir de roupas despejadas no local. Junto da ação na passarela, o projeto tem um editorial fotográfico assinado por Mauricio Nahas, fotógrafo premiado, com mais de 30 anos de carreira.

“Estamos aqui todos os dias do ano, nessa luta difícil. E, dia após dia, vemos o problema se agravar. Precisávamos promover algo grandioso pra chamar a atenção de todos os agentes do problema para discutirmos uma solução. O Atacama não pode mais esperar”, diza Ángela Astudillo, co-fundadora da Desierto Vestido, organização sem fins lucrativos dedicada à reciclagem de têxteis”.

“Ao mesmo tempo que podemos ver uma foto no espaço, o cemitério de roupas é uma problemática ainda muito silenciosa. São lotes de peças de baixa qualidade ou danificadas, herdadas do mercado fast fashion dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia. A maioria das peças leva até 200 anos para se desintegrar. A emergência é climática, também”, completa a executiva.

“Decidimos trazer algo que o mundo da moda se orgulha, um belo desfile, para um lugar que é uma vergonha para a moda e a humanidade como um todo, um lixão de roupas em meio a um tesouro do nosso planeta. Transformar o Atacama em um salão de tendências para a economia circular é olhar para o consumo do futuro. Destruir o planeta precisa sair de moda”, afirma comunicado dos CCOs Rodrigo Almeida, Rafael Gil e Marcello Noronha, da Artplan.

“É crucial uma mudança sistêmica na indústria da moda, e como cidadãos, todos temos um papel a desempenhar. Das marcas, queremos a responsabilização e compromissos robustos. Dos governos, a missão é reivindicar políticas públicas e fiscalizações. Com a sociedade civil, o nosso papel é disseminar informações e impulsionar ações de mobilização”, explica Fernanda Simon, diretora executiva do Fashion Revolution Brasil, organização brasileira do maior movimento ativista da moda no mundo.

“Mesmo com todos os seus impactos, o setor da moda não é incluído com sua devida responsabilidade na agenda política quando se trata de abordar a crise climática”, completa Eloisa Artuso, confundadora do Instituto Febre, organização social que trabalha com justiça socioambiental na intersecção entre clima, gênero e moda.

“Foi uma oportunidade incrível para a Sugar colaborar em um projeto tão relevante, especial e transformador como este, que transpassa o universo da moda e usa o audiovisual como palco para conscientização global do descarte inadequado de roupas”, comemora Igor Selingarde, diretor e produtor executivo da Sugarcane Filmes.