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IMAGENS ALTERADAS DENUNCIAM VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

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No Brasil, a cada 2 segundos uma mulher sofre algum tipo de violência. A cada 2 minutos a Lei Maria da Penha é acionada. A cada 9 minutos uma menina é estuprada. E a cada 2 horas uma mulher é morta, lembra Cristina Castro, fundadora e CEO do Instituto Gloria.

Neste sábado (25) é celebrado o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, data instituída em 1999 pela ONU.

Para marcar essa luta, o Instituto Gloria, plataforma de transformação social e rede de apoio baseada em Segurança, Acesso à Justiça, Saúde, Educação e Empreendedorismo, realizou em Brasília, numa parceria com a agência Artplan e o Metrô DF, a ação “Não deixe ela virar paisagem”.

Murais de grafite foram alterados durante a noite para mostrar a transformação que sofrem as mulheres diante das ações de violência.

Em 2022, foram registrados 1.437 casos de violência à mulher no País, um aumento de 6,1%, em comparação com 2021, quando foram relatadas 1.347 situações de vulnerabilidade, segundo o Anuário do Fórum Brasileiro da Segurança Pública 2023. O feminicídio também foi um dos crimes que teve aumento de registros no último ano. Sete em cada 10 mulheres perderam a vida dentro de casa, sendo assassinadas por parceiros íntimos (53,6%), ex-parceiros íntimos (19,4%) ou familiares (10,7%).

As criações das artistas Key Amorim (@keyamorim) e Ganjart (@ganjart3), diponíveis nas estações de Metrô Praça do Relógio e Águas Claras, mostram que a violência doméstica não escolhe cor, etnia ou classe social. Durante cinco dias, quem passou pelas obras com o olhar mais atento teve a oportunidade de perceber a transformação das ilustrações femininas, de uma representação confiante e sorridente para semblantes tristes e inseguros, cujas mudanças representam diversos tipos de violência, como física, psicológica, patrimonial e moral.

A iniciativa também contou com mobiliários urbanos espalhados por Brasília, com réplicas da artista Key Amorim, reproduzidas digitalmente. Estes, igualmente, foram trocados durante a madrugada, com as mesmas modificações realizadas junto ao muro de sua estação correspondente.

Os grafites e a arte digital foram finalizados nesta sexta (24) de novembro, revelando a mensagem: “Vários tipos de violência aconteceram nesse muro, mas muita gente não percebeu. Não deixe a violência contra a mulher virar paisagem. Denuncie. Ligue 180”.

“Violência contra a mulher sempre esteve relacionada com processos culturais, ou seja, tão normalizadas que impactam na não percepção social. Tudo vira paisagem. E o reflexo desta aceitação é o aumento contínuo da violência contra nós, mulheres”, explica Cristina Castro.

“A iniciativa busca cumprir um dos papeis da comunicação, de ser o instrumento de conscientização e colocar o assunto em pauta. Escolhemos o grafite, sempre tão vivo, para que o Instituto Gloria possa sensibilizar a população sobre um drama social, que é a naturalização da violência contra a mulher, a partir de uma perspectiva artística. A sutileza intencional das agressões observadas nos grafites são as mesmas que muitas vezes não enxergamos em mulheres que estão sofrendo violência. Não é só uma intervenção em meio à cidade. É um grito de basta.”, diz Cacá Malta, diretora de Atendimento da Artplan.

Criação de Yan Viana e Ariane Melo, com direção criativa de Gustavo Dois e Thiago Diniz e direção executiva de Gustavo Tirre. Aprovação de Cristina Castro.