Polêmica

FUTEBOL, RACISMO E O PAPEL DAS MARCAS

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Javier Tebas: falamos com todos os patrocinadores sobre racismo

Os atos de racismo contra o jogador brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madri, são o estopim para que a Espanha acrescente às suas leis sobre esse crime sanções e punições mais efetivas.

Em entrevista internacional via YouTube em espanhol, inglês e português, o presidente de La Liga, Javier Tebas, garantiu que a entidade que comanda um dos principais campeonatos do mundo é proativa e manteve contatos com todos os patrocinadores envolvidos visando uma solução para o problema.

Com comunicados tímidos, limitados à uma posição de solidariedade ao atleta, o Banco Santander e a EA Sports, atual e próximos detentores do naming rights da competição, preferiram deixar atitudes de combate à organizadora.

O Santander assina o principal torneio de futebol espanhol desde a temporada 2016/17. O contrato não será renovado para a próxima edição, que terá a EA Sports como patrocinadora oficial, através de um investimento que pode chegar a 60 milhões de Euros por temporada.

A verdade é que casos como esse, condenado por toda a sociedade internacional e que carimba na Espanha a pecha de país racista, afeta sim as marcas que se associam à La Liga, como Puma, Microsoft, Verizon Media, Bet Online, Disney Bundle Streaming e a Editora Panini, entre outras.

Transportado para o Brasil, o problema envolve 134 marcas que patrocinam os 20 times que disputam a Série A do campeonato de futebol. Casos isolados de racismo também ocorrem em gramados do país, talvez relegados a um segundo plano diante de uma situação tão grave quanto mas que dominam a mídia nos últimos tempos, a manipulação de resultados para favorecer criminosos apostadores.

Aliás, o setor de apostas esportivas domina o mercado de patrocínio do futebol brasileiro. E no Brasileirão 2023, dos 20 clubes, apenas o Cuiabá não tem nenhum acordo comercial com empresas deste segmento.

Tebas ainda disse em seu depoimento que a acusação de passividade diante de casos de racismo não é verdadeira. Segundo ele, a entidade sempre se pronunciou, inclusive com relação a outros jogadores.

“Lutamos conta o racismo todos os dias. Mas é preciso que as punições sejam ampliadas e aplicadas a quem o comete. Fui mal interpretado em minhas declarações após o episódio com Vini Júnior. Não critiquei suas manifestações, apenas dei informações sobre o que fazemos com relação a isso, afirmou.

O presidente de La Liga falou também sobre o perigo de que atos racistas na Espanha possam prejudicar a candidatura do país junto com Portugal e possivelmente Marrocos para sediar a Copa do Mundo de 2030,

“Não acredito. A decisão ainda está longe e acho que em breve vamos conseguir minimizar o problema e aplicar punições capazes de eliminar de vez o crime de racismo no futebol do país. Em seis meses deveremos ter um quadro totalmente diferente com relação a isso”, concluiu.