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MUG, O PRIMEIRO FENÔMENO DE MARKETING

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Boneco de pano, símbolo de sorte, vendeu 100 mil unidades no lançamento

No final de 1966, Horácio Berlinck Neto e João Evangelista Leão, criadores e produtores do programa “O Fino da Bossa”, atração que juntou na TV Record Elis Regina e Jair Rodrigues, decidiram lançar um produto com apelo junto ao público que curtia os artistas da época.

Fabricado na tecelagem do pai de Berlinck, um boneco de pano, desengonçado, de braços compridos e roupa xadrez ganhou o nome de Mug e o complemento “símbolo da sorte”.

Sem verba para divulgar sua “invenção”, a dupla apostou numa estratégia até então desconhecida na comunicação do país. Berlinck e Leão promoveram uma ação de marketing de guerrilha quase uma década antes de o termo ser definido oficialmente.

Berlinck: inacreditável

Criado pelo norte-americano Jay Conrad Levinson, nos anos 70, marketing de guerrilha define a forma de anunciar uma marca com ferramentas adequadas aos recursos financeiros do anunciante.

A ideia foi enviar gratuitamente Mugs a personalidades, de Elis Regina a Adoniram Barbosa, de Roberto Carlos a Nara Leão, passando por Jô Soares, Ronald Golias, Chico Anysio, e influenciadores da mídia nacional, como Otávio Frias, Mino Carta, Júlio Mesquita, João Saad, Silvio Santos e Paulo Machado de Carvalho.

O resultado foi uma exposição espontânea e uma febre nacional com números inacreditáveis: 100 mil bonecos vendidos em 5 meses.

Entre os cantores que embarcaram na onda do Mug, o maior deles foi Wilson Simonal. No auge da carreira, o artista passou a realizar um show chamado “O MUGnífico Simonal”.

Simonal: maior divulgador

Horácio Berlinck confirma: “Simonal foi a grande locomotiva de todo o sucesso. Mas até Chico Buarque, que em 1967 estouraria como artista do ano, também passou a andar para cima e para baixo com seu Mug”.

Atualizando pelo Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna, da FGV, os 9.900 cruzeiros por cada boneco, representaria, R$ 114,00.

A marca extrapolou o boneco de pano e se tornou bottons, calendários, fantasias de Carnaval e até mesmo Mugs gigantes para parques de diversões.

João Evangelista Leão faleceu em 1997 e seu filho, João Leão Filho criou o Blogspot do Mug para manter viva a lenda e a história do boneco.

Horácio Berlinck Neto, que também dirigiu o Marketing da Haspa e criou a Feirança (sucessora do Salão da Criança), está aposentado e vivendo no interior de São Paulo.