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ARTPLAN AVALIA PROPAGANDA PARA EVANGÉLICOS

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Estudo da agência analisa comportamento e consumo do grupo religioso que mais cresce no país

Conduzido pela área de Creative Data da Artplan, o estudo “Cultura, Consumo e Transformação: O Impacto do Crescimento Evangélico no Brasil”, avalia o impacto do grupo evangélico na sociedade, que já representa quase 27% da população brasileira.

Segundo o levantamento, esse quadro está transformando a publicidade e os códigos culturais que regem o consumo no País.

Conforme o estudo, o último Censo de 2022 indicava que desde 1991, quando 9% da população se declarava parte da comunidade evangélica, houve um aumento para 26,9%.

O levantamento também revela um conjunto de comportamentos, valores e estéticas que formam uma identidade coletiva robusta e em expansão, especialmente entre os mais jovens.

A Geração Z, por exemplo, já representa 47% da juventude evangélica no país, com destaque entre adolescentes de 12 a 19 anos, 32% acima da média dos jovens religiosos.

“Toda essa ascensão evangélica não é apenas religiosa. Ela é cultural, comportamental e econômica. Ignorar esse público significa abrir mão de um diálogo com uma fatia significativa da população. As marcas que desejam ser relevantes no Brasil de hoje precisam entender desse repertório”, afirma Carolina Amorim, Head Nacional de Creative Data da Artplan, área responsável pelo estudo. 

A Artplan identificou ainda o crescimento de movimentos que integram fé, bem-estar e performance física, como o grupo Legendários, criando um novo lifestyle cristão, ancorado em propósito e disciplina. Os devocionais digitais somam mais de 56 mil conversas online em 2024, além do conteúdo produzido, reforçando o protagonismo da espiritualidade no ambiente digital.

No total, 392 mil conversas públicas, mais de 99 mil conteúdos sobre protestantismo, 3 mil thumbnails de vídeos no TikTok, foram analisadas pela agência em redes sociais em um único ano. 

Os números evidenciam o potencial de influência desse ecossistema sobre o consumo e os discursos midiáticos. Discursos de esforço, propósito e autogestão fazem da fé uma ferramenta de fortalecimento pessoal. Dados mostram que 78% dos evangélicos estão mais cuidadosos com o dinheiro e finanças, os temas mais discutidos nos grupos de Telegram monitorados.

O estudo traz dados expressivos sobre o engajamento dessa audiência em diferentes frentes. O consumo de música gospel, por exemplo, cresceu 46% nas plataformas de streaming. Projetos como “Café com Deus Pai” lideram rankings de audiência e a hashtag #TikTokCristão já reúne mais de 1 milhão de publicações. No campo da moda, termos como #ModaCristã, #LookProCulto e #LookCristão mostram que estética e espiritualidade caminham juntas com apelo aspiracional.

“Se antes o consumo evangélico se afastava do que era visto como mundano, hoje ele se reinventa dentro das tendências e faz parte do mainstream, com estética, linguagem e comportamento alinhados ao espírito do tempo”, explica Mariana Zinsly, gerente da área de Creative Data.

As igrejas, por sua vez, ampliaram o seu papel. De centros religiosos, passaram a Hubs de convivência. Oferecem shows, cafés, festas e atividades esportivas. Antes da pandemia, mais de 75% dos fiéis frequentavam cultos semanalmente. Agora, os templos operam também como espaços de sociabilidade o que tem impacto direto na forma como marcas interagem com esses ambientes. 

Em vez de campanhas genéricas com apelos religiosos pontuais, o estudo aponta para uma tendência de personalização e respeito, valorizando representatividade de valores, estética e práticas diárias ligadas à fé.

Com a possibilidade do Brasil se tornar de maioria evangélica até 2032, para o mercado publicitário, a mensagem é clara. Está arreigada em compreender a lógica desse público que deixou de ser nicho, tornando uma estratégia de marca para operar com legitimidade em um Brasil onde quase um terço da população é evangélica.

“A gente precisa aprender a traduzir valores, não apenas os símbolos. Não é sobre usar cruz ou ouvir louvor, é sobre falar de superação, rotina e comunidade”, completa Carol Amorim.