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NEGRAS GANHAM ESPAÇO NA PROPAGANDA

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Em 2015, apenas 1% de mulheres negras foram protagonistas de peças publicitárias. No ano passado esse índice subiu para 13% e neste 2017 para 21%. Foi o maior crescimento registrado no estudo TODXS?, realizado pela Heads Propaganda.

Foram monitoradas 5.834 peças publicitárias, sendo 2.451 comerciais de 30 segundos, 228 marcas de 35 segmentos analisadas e 1.183 posts no Facebook avaliados.

A participação de protagonistas mulheres em comerciais de TV chegou a 21% dos quase 2.500 filmes analisados, 21% delas negras. Nesse ítem, porém, 69% das protagonistas negras são celebridades. Homens representam 33% desse universo, sendo que 87% são brancos e apenas 7% negros.

“Temos mais mulheres negras protagonistas e mais cabelos cacheados e crespos em relação a ondas anteriores. É um sinal positivo e indica que as campanhas estão antenadas às discussões da sociedade. Mas ainda é cedo para comemorar. Num país em que mais da metade da população é negra, podemos dizer que ainda não alcançamos um ideal de representatividade”, explica Ira Berloffa Finkelstein, vice-presidente de Estratégia da Heads e membro do Comitê Impulsionador He for She da ONU Mulheres no Brasil.

Os filmes também foram analisados sob a ótica do empoderamento. Aqueles que “empoderam ao quebrar estereótipos” chegaram a 31% do total e superam as campanhas que reforçaram estereótipos de gênero. Número ainda longe do ideal, mas superior aos 12% registrados em 2015 e aos 25% da onda imediatamente anterior.

“As marcas estão tendo a oportunidade de se renovar e estar em sintonia com os anseios da sociedade atual. E é possível fazer isso de diversas formas e tons de discurso, sem ferir o posicionamento de cada uma delas”, diz a executiva.

Embora reúna milhões de pessoas em todo o Brasil, o grupo formado por pessoas com algum tipo de deficiência ainda é invisível na publicidade brasileira. De acordo com o estudo somente 0,12% dos 2.451 comerciais de TV analisados tinham entre os personagens alguém com algum tipo de deficiência. Ou seja, três entre todos.

A mesma invisibilidade vale para a população LGBT. Apenas 0,33% da mesma amostra trazia no elenco um representante da comunidade, o que significa apenas oito comerciais entre os quase três mil analisados.