Pesquisa
DATA RAÇA E ICATU REVELAM CONSUMO NEGRO
Publicado emPopulação negra movimenta R$ 1,9 trilhão por ano e cobra coerência das marcas
O resultado da pesquisa “O Consumo Invisível da Maioria”, apresentada nesta segunda-feira (10) durante o Fórum Brasil Diverso 2025, em São Paulo, traçou um retrato inédito do comportamento e das percepções da população negra no mercado brasileiro.
Realizado pelo Instituto Akatu e pelo Instituto DataRaça, com execução técnica da Market Analysis, o estudo revela que inclusão e representatividade já são fatores decisivos na escolha, fidelização e recomendação de marcas.
Com base em entrevistas com mil pessoas negras de todas as regiões do país, o levantamento aponta que a população negra movimenta cerca de R$ 1,9 trilhão por ano e influencia diretamente o crescimento e a reputação das empresas.
Segundo Lucio Vicente, diretor-geral do Instituto Akatu, “onde a população negra se sente reconhecida, há maior disposição para compra, recomendação e lealdade”.
Para Maurício Pestana, presidente do DataRaça e fundador do Fórum Brasil Diverso, o consumo negro redefine o cenário empresarial. “O público negro premia coerência e pune incoerência. Quando a marca pratica o que comunica, na forma de atender, contratar ou se representar, conquista legitimidade e valor.”
Os números confirmam a tendência, já que 37% já premiaram marcas inclusivas e 25% deixaram de consumir de empresas racistas. Mulheres e jovens negros são os grupos mais engajados. Entre elas, 43% recompensam e 30% boicotam marcas conforme suas práticas de inclusão. A Geração Z, faixa entre 18 e 24 anos, desponta como o grupo mais mobilizado, guiando o futuro do consumo por propósito e coerência.
Entre os setores mais bem avaliados estão e-commerce, higiene e beleza, moda e bancos, todos acima de 70% em percepção positiva. Já bebidas, medicamentos e alimentos aparecem com as piores notas.
O estudo também mostra que o atendimento presencial em varejo, shoppings e supermercados segue como principal desafio, com altos índices de discriminação relatados.
A representatividade real é apontada como o fator mais determinante, e 64% afirmam confiar mais em marcas que retratam pessoas negras de forma positiva, e 69% percebem falta de autenticidade quando não há lideranças negras visíveis.
Outro destaque é o mercado de luxo, onde as classes A e B negras representam 28% dos respondentes. Quase 40% desse público dizem estar dispostos a pagar mais por marcas que expressem respeito, autenticidade e diversidade.
