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QUEM MESMO ESTÁ EM ISOLAMENTO?

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Campanha de combate ao tráfico de animais criada pela agência Sala para a Renctas, organização não-governamental de Brasília, fundada em 1999 para lutar pela conservação da biodiversidade, mostra um outro isolamento, muito mais cruel.

Enquanto a pandemia da Covid-19 impôs ao brasileiro uma quarentena que já passa de 150 dias diversos animais vivem meses, anos, longe de seu habitat natural.

Esse isolamento é fruto de uma atividade ilegal que, só em nosso país, movimenta anualmente cerca de 3 bilhões de reais e tira 38 milhões de aves, mamíferos, anfíbios e répteis de seu lugar de origem.

O tráfico de espécies silvestres não dá escolha de liberdade para milhares de representantes da nossa fauna. Essa realidade inspirou a campanha da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais (Renctas), visando chamar a atenção do público para o tema e incentivando a denúncia do tráfico e de cativeiros de animais.

O Brasil abriga cerca de 20% de toda a biodiversidade do mundo. Isso significa dizer que, de cada cinco animais no mundo, um deles tem ao menos um exemplar natural em nossas matas, florestas, praias ou cidades.

“Se a gente for parar pra pensar que, num período como esse, a atenção do público fica ainda mais longe de questões como essa, já que a grande maioria está focada na pandemia, os traficantes e compradores de animais silvestres estão ainda mais em ação. Justamente por esse fator trouxemos a questão da quarentena para a campanha, para mostrar que, mesmo quando parece que o mundo parou, tem muita gente se aproveitando disso para atos cruéis como este”, diz Leopoldo Azevedo, sócio-fundador da Sala.

Com imagens feitas durante os próprios resgates de animais, a campanha conta com uma mensagem: “O isolamento não é para todos”.

“É muito mais que uma campanha, é um verdadeiro estímulo para continuarmos nosso trabalho. Esta não poderia vir em momento melhor, em que o tráfico de animais tem crescido e precisa ser combatido por todos”, afirma Dener Giovanini, coordenador do Renctas.