Entrevista

“O CAMINHO SE FAZ AO CAMINHAR”

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Frase do poeta modernista espanhol Antonio Machado inspira WMcCann durante a pandemia

Hugo: novas necessidades do aqui e agora

Baseado na quarta onda da pesquisa “Verdade sobre a cultura e a covid-19”, realizada pela McCann Truht Central, Hugo Rodrigues, chairman e CEO da WMcCann, diz que o grupo está de olho no presente, nos desafios de agora.

Conforme ele explica, o estudo da unidade de inteligência global do McCann Worldgroup, dedicada a descobrir as verdades que conduzem atitudes e comportamentos das pessoas sobre a vida e as marcas, mostra que o papel significativo delas é essencial para definir o que elas acreditam e como se comportam.

“Isso é duradouro de verdade, mesmo, especialmente em tempos de crise”, afirma. E diz que a pesquisa aponta ainda que não haverá um novo normal, apenas novas necessidades do aqui e agora’”.

Nesta entrevista, ele conta como a agência brasileira do grupo se comporta durante a pandemia e prefere não arriscar prognósticos sobre o futuro.

A quarentena já dura mais do que a agência previu no início?

Saímos para um teste de home office no dia 13 de março e não retornamos mais ao escritório. Sem dúvida, previsão é algo que está difícil de fazer desde que a pandemia começou.

O trabalho em regime de emergência já se ajustou nesse isolamento mais demorado?

Desde o início, não paramos de buscar alternativas prezando a saúde, segurança e bem-estar das pessoas. Uma semana após o início do home office, no dia 20 de março, tomamos algumas medidas que já eram mais duradouras, como ajuda de custo para despesas com internet, energia e eventuais gastos adicionais referentes ao trabalho remoto. Também fizemos parceria com app de ginástica e disponibilização das cadeiras ergonômicas do escritório. Com a prorrogação da quarentena, também passamos a oferecer suporte psicológico e entregamos máscaras de proteção, em parceria com a Lupo, para todos os funcionários.

Os clientes estão pedindo campanhas ou esperam ideias e iniciativas da agência?

Os clientes esperam que a gente os ajude a agir com cautela e sensatez neste momento, a buscar uma conversa humana, transparente e que respeite as prioridades dos seres humanos. E, para isso, precisamos entender que, antes de vê-los como consumidores, precisamos vê-los como seres humanos.

Que novas soluções a WMcCann apresentou para as marcas que atende?

Mais do que comerciais, este período pede trabalhos com propósitos reais, que possam ser produzidos com o dinamismo e a realidade do que estamos vivendo. A área de conteúdo vive o principal momento da história. Está aí o fenômeno das lives, que não me deixa mentir. Também podemos utilizar conteúdo criado por influenciadores e ou personalidades de suas próprias casas, usar banco de imagens ou animações 2D e 3D com uma linguagem visual estética mais real, mais jornalística.

Como é administrar a ansiedade e as dúvidas dos profissionais com relação ao futuro?

Com transparência e diálogo, mostrando nossas fragilidades diante de tudo isso. A comunicação interna com os gestores e colaboradores é fundamental, mantendo-os sempre atualizados sobre o cenário e também sobre as inúmeras mudanças de rotas que somos obrigados a fazer de acordo com o que acontece diariamente.

Quais são as previsões para o futuro do mercado da comunicação?

Na minha opinião, quando vemos o comércio reabrir na França e os clientes lotarem a Zara ou a loja da Hermès na China vender US$ 2,7 milhões em produtos num só dia, percebemos que assumir qualquer posicionamento mais contundente sobre como será o nosso mercado ou qualquer relação de consumo pós-covid pode ser arriscado. Gosto muito da frase que diz a presidente da Lupo, nossa cliente Liliana Aufiero, citando o poeta espanhol Antonio Machado, quando se debate sobre o futuro: “Caminhante, não há caminho. O caminho se faz ao caminhar”.