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PROPAGANDA FICA MENOS ALEGRE

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Morreu Fontoura, um ícone da propaganda ousada, criativa e divertida

Fontoura: uma vida criativa

“Quando eu morrer não quero ir pro céu. Meus amigos certamente não estarão lá”.

Essa foi a última frase dita por José Fontoura da Costa para a filha, Bia Fontoura, Atendimento da DogFish, com quem viveu seus últimos dias. Após a cremação e o fim da pandemia, Bia vai levar suas cinzas para Cannes.

“Não vejo outro lugar pra ele passar a eternidade”, diz ela, neste dolorido momento.

Um dos publicitários de maior destaque do mercado brasileiro, Fontoura faleceu hoje (5) aos 88 anos na Santa Casa de Santo Amaro, onde ficou internado após um AVC hemorrágico.

Fontoura participou de toda a revolução criativa da publicidade nacional a partir dos anos 70.

Integrou o time “Os Subversivos”, da Norton, uma ousadia em tempos de ditadura, junto com Jarbas José de Souza, Neil Ferreira, Carlos Wagner de Moraes e Anibal Guastavino.

Fontoura também trabalhou com grande destaque na Ogilvy e na Giovanni. Nos últimos anos, mudou de lado e foi diretor de Novos Negócios da Rítmika Áudio Arts, de Henrique Tanji, e diretor comercial da Hype Premedia & Convergência.

Monsieur “Fontorrá”, como ficou conhecido na Riviera Francesa, foi figura carimbada no Festival de Cannes por quase 40 anos. Com a mesma desenvoltura conversava com Roger Hatchuel, dono do evento, ou com as famosas Esmeralda e Pasqualina, as “Onças”, ícones da cidade.

Sorte dos participantes brasileiros do festival que tiveram chances de sentar com ele para uma Biére a la Préssion e ouvir suas históras.

Nos últimos anos nos falávamos sempre por mensagens. A última dele chegou no final de 2017, como sempre me pedindo o contato de algum comandante de uma grande agência.

Fontoura viveu a vida com alegria. E assim também morreu conforme mostra a frase no início do texto. Mas ele certamente estará com Deus, como os amigos a quem se referiu.

Seu desprendimento por fama e sucesso foi traduzido pelos inúmeros troféus que ganhou em festivais nacionais e internacionais, dados de presente para integrantes das equipes criativas que dirigiu.

Henrique Tanji, fundador da Rítmika, com quem Fontoura atuou após deixar a Criação nas agências, diz que seu legado fica não só nos corações dos amigos mas também no Hall da Fama dos Gênios da Publicidade.

“Vou sentir saudades dele me chamando para contar uma idéia, gritando: Maestro, Maestro!”