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FUSÃO É O GRANDE DESAFIO DE 2019

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Quintela: conflitos e comando a resolver

O grupo Newcomm tem apenas 90 dias para decidir como será a fusão entre a Young & Rubicam e a VML determinada globalmente pelo grupo WPP. O ano de 2019 deve começar em todo o mundo, inclusive no Brasil, com a nova agência VMLY&R operando como a união entre uma forte marca digital e uma grande agência criativa.

Criado em 1998 por Roberto Justus, o grupo Newcomm se associou à holding WPP em 2004 e, deste então, administra essas duas agências, além da Wunderman, Grey Brasil, a Red Fuse, exclusiva para Colgate-Palmolive, e a Ação Premedia e Tecnologia.

Dessa forma, o atual presidente do Newcomm, Marcos Quintela, será responsável por definir os caminhos dessa fusão no país, já considerado pelo WPP como um dos dois mercados diferenciados em que atua, junto com a Austrália, onde a Y&R tem uma importância muito grande.

Isso porque, conforme definiu a holding, a marca VML será predominante na fusão, o que representa tornar a Y&R uma agência mais digital, ágil e moderna, aproveitando todo seu potencial criativo e força de compra de mídia.

A união, entretanto, visa adaptar o grupo aos novos modelos de mercados e da comunicação, nos quais as agências de criação terão que se tornar menos dependentes da televisão e procurar receitas alternativas ao faturamento tradicional da publicidade, baseado na comissão dos veículos. Também devem se apoiar mais em dados de consumidores e novas tecnologias, característica das digitais.

E embora globalmente a nova VMLY&R vá ser liderada pelo atual CEO da VML, Jon Cook, nada está definido no Brasil. Presidida por David Laloum, a Y&R é a maior agência do país e líder do ranking por compra de mídia há 15 anos. No mercado brasileiro desde 2011, porém, a VML do CEO Fernando Taralli vem conquistando contas importantes e a rede foi incluída entre as dez agências mais criativas do mundo do A-List, do Ad Age, pelo terceiro ano consecutivo.

Quem será o comandante da fusão, ou o regime será de co-presidência é uma das principais questões a serem solucionadas.

O conflito de clientes, de início, já representa o primeiro problema a ser resolvido pelo Newcomm ao promover a fusão. Se a Y&R atende o grupo Petrópolis e sua principal marca, cerveja Itaipava, a VML conquistou recentemente a espanhola Estrella Galícia. Vivo de um lado, Oi de outro, Cielo e Pay Pall igualmente, também são empresas que disputam o mesmo segmento.

E apesar de ninguém ainda se dispor a falar sobre o tema no Newcomm, internamente a fusão vem sendo tratada como um movimento natural do mercado e que, apesar do grande desafio, vai somar valores e consolidar um trabalho conjunto que já existe entre as agências do grupo.

O principal objetivo da fusão articulada por Mark Read, novo CEO do WPP, é oferecer um serviço mais integrado, digital e criativo, além de diminuir a quantidade de marcas do portfólio da holding.