Cannes 2018

O RÁDIO CONTINUA PEDINDO SOCORRO

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Solitário finalista brasileiro no Radio Lions mostra indiferença com esse veículo

Primeiro jurado brasileiro no Radio Lions, em 2005, quando o Festival de Cannes lançou essa categoria, Lula Vieira, então sócio da carioca V&S, afirmava que o meio voltava a ter peso na propaganda do país.

Segundo ele, na época as emissoras haviam investido numa fenomenal modernização, na digitalização e na qualidade de suas transmissões.

Cinco anos depois, em 2010, o spot “Dial”, da Lew’Lara para Cultura Inglesa ganhava o primeiro Leão de Ouro para o Brasil no Radio Lions.

Nas últimas edições do festival, o mercado nacional vinha mantendo uma média de quatro Leões por ano em Cannes, exceto em 2012, quando conquistou 5 troféus.

Em 2016, com o CCO da DPZ&T Rafael Urenha como jurado, o Brasil ganhou 3 Bronzes e 1 Prata, este da Africa para Suzuki, com o spot School Zone Radio”.

Conforme disse Urenha ao final do júri, aquele desempenho mostrava que o país ainda sabe fazer bem publicidade para o rádio, mesmo com a transformação do mercado que levava grande parte dos investimentos para novas mídias.

O ano de 2017 parecia não só concordar com o otimismo como também ultrapassou os limites da nossa expectativa.

Com Mário D’Andrea, presidente da Dentsu como presidente do júri da área, o Brasil teve 14 finalistas, conquistou 7 Leões em Rádio, sendo um de Ouro para a Y&R, com spot “Hitler”, criado para a ONG Cepia.

Aí chegamos neste 2018 com diminuição de inscrições, perspectiva de menos Leões, o Brasil em crise e Cannes tentando se ajustar às justas reclamações dos dirigentes dos maiores grupos de comunicação do mundo sobre a farta distribuição de troféus, o aumento de categorias e os custos abusivos da cidade que abriga o festival.

Ainda assim, esperava-se que a propaganda brasileira mantivesse sua média de troféus numa categoria já bastante frágil para o nosso mercado.

E não foi por falta de um jurado experiente, já que Álvaro Rodrigues, CEO da Fullpack e ex-Young Creative em 98, estreou em Cannes em 2010, exatamente na categoria Rádio.

Depois de uma experiência no júri de Outdoor, voltou agora em 2018 novamente para o Radio Lions.

E o que se tem, no início deste festival, é apenas um finalista brasileiro. Uma excelente peça, aliás, da Master para a emissora 91 Rock, que combina letras clássicas do gênero com desabafos de violência doméstica (veja abaixo).

Mas muito pouco diante de tantas reverências ao primeiro grande meio eletrônico de massa do país. Aquele que, dizem, nunca vai morrer e nenhum outro meio de comunicação vai matar, apesar das modernas plataformas digitais.

Como se diz na famosa piada do mercado: “Ouvi dizer que a Internet vai acabar com a TV”. “É mesmo? Onde você ouviu?”. No Rádio.