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MENTIRAS ATINGEM GRANDES EMPRESAS

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Levantamento realizado pela da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial com profissionais que atuam ou atendem grandes empresas no Brasil, mostra que 75% dessas organizações já foram ameaçadas por fake news.

Segundo a enquete, 67% dos comunicadores acreditam que é alto o risco da empresa ser acometida por uma grave crise de imagem em razão de futuras fake news.

Pfizer e General Motors foram duas das marcas envolvidas entre o início de 2019 e julho deste ano.

Há menos de dois meses, YouTubers denunciaram uma campanha internacional de fake news contra a vacina da empresa. Segundo o jornalista e YouTuber alemão Mirko Drotschmann, uma misteriosa agência de marketing pediu a influenciadores para disseminar informações falsas sobre a vacina contra covid-19.

“Eles pediram para eu disseminar informações enganosas ou comprovadamente falsas. Eu deveria afirmar que muitas pessoas morreram após a imunização com a vacina da Pfizer”, disse Drotschmann.

O jornalista fingiu aceitar a proposta para saber quem estaria pagando pela campanha de fake news. Mirko descobriu que baseada em Londres, a agência disseminadora era comandada a partir de Moscou.

A ameaça chegou até o Brasil, onde um youtuber divulgou um vídeo levantando dúvidas sobre a vacina, prontamente apagado após a polêmica vir à tona.

A GM Brasil foi atingida após ter fechado o ano de 2018 com chave de ouro, conquistando pela quarta vez o título de Carro Mais Vendido do Ano com o seu Onix, responsável por um faturamento de R$ 10 bilhões para a companhia.

Claro que os R$10 bilhões de faturamento, com as vendas do Onix, não são o lucro total da operação da companhia, mas considerando que a margem de lucro das automobilísticas no Brasil é de cerca de 10%, é possível dizer que a GM teve um lucro acima de R$1 bilhão só com esse modelo.

Mesmo assim, notícias falsas afirmavam que a empresa ameaçava deixar o país, numa interpretação tendenciosa de e-mail enviado a todos os funcionários pelo presidente da General Motors Mercosul, Carlos Zarlenga.

O estudo da Aberje, por outro lado, apurou que 71% dos líderes consultados afirmam não ter um plano de contingência específico para enfrentar eventuais campanhas de desinformação.

O treinamento para enfrentar crises decorrentes de fake news também não entrou na agenda da maioria das empresas consultadas. Dos comunicadores que responderam ao levantamento, 82% garantiram que os altos executivos de suas organizações jamais fizeram uma preparação para enfrentar notícias falsas.

Mesmo no âmbito das áreas de comunicação e marketing, percebe-se uma falta de preparo sobre o tema. Só 12% desses profissionais confirmaram ter realizado um treinamento sobre desinformação e 53% declaram ter um baixo conhecimento sobre a Lei de Fake News recentemente aprovada no Brasil.

“As empresas precisam preparar mais seus colaboradores para enfrentar os perigos e a urgência dessa questão”, afirma Hamilton dos Santos, diretor-geral da Aberje. “Acreditamos que é por essa razão que sentimos um forte comprometimento das lideranças de comunicação das grandes corporações brasileiras em apoiar nossa iniciativa para enfrentar o problema”, complementa.

Denominada “Aliança Aberje de Combate às Fake News – movimento empresarial contra a desinformação”, a iniciativa é baseada no código de princípios do International Fack-cheking Network, do Poynter Institute, que prevê compromissos com o não-partidarismo, com as fontes, com a prestação de contas, com a transparência e com a honestidade. O objetivo da iniciativa é auxiliar e capacitar as organizações para combater a desinformação.