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A ALTA CONTA DO CIGARRO

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Quanto a indústria do cigarro deveria reembolsar ao Estado brasileiro pelos gastos do SUS com as doenças relacionadas com o cigarro?

Essa conta ultrapassa os R$ 57 bilhões, valor bem maior do que as empresas do setor pagam de tributos.

Campanha da 11:21 para a ACT (Aliança do Controle do Tabagismo), alerta sobre os fatores de risco do tabagismo ao mesmo tempo em que cobra do governo políticas fiscais mais rígidas para os fabricantes.

A ACT Promoção da Saúde é uma organização não governamental que atua na defesa e promoção de políticas públicas de saúde, especialmente nas áreas de controle do tabaco e alimentação, fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), que são responsáveis por aproximadamente 75% das mortes no Brasil e no mundo. 

Neste momento de pandemia do coronavírus, além do país não poder mais abrir mão desse dinheiro, os sintomas da Covid-19 são agravados pelo hábito de fumar.

Nos Estados Unidos, uma ação de 20 anos atrás gerou um acordo que já acarretou em reembolsos de valores superiores a R$ 850 bilhões por ano, que essas mesmas empresas que atuam aqui pagam aos estados americanos.

“Por que no Brasil elas não pagam? Essa é a pergunta que a campanha quer deixar para discussão da sociedade.

“Cigarro: a indústria fica com os lucros, você paga pelos prejuízos” e “Eles dizem que pagam muito imposto, mas é só cortina de fumaça” são algumas peças da campanha, que conta com mais de sete diferentes abordagens, desdobradas em posts, anúncios de mídia impressa, filme e spot de rádio. Graficamente, a campanha explora os títulos impactantes e a imagem de pessoas de máscara por trás das letras, representando profissionais de saúde e a própria sociedade.

A campanha terá veiculação no digital, em redes sociais, jornais, revistas, TV aberta e fechada e rádio.

Segundo Mônica Andreis, diretora executiva da ACT Promoção Saúde, “as empresas de cigarro precisam ser responsabilizadas pelos danos que causam, o Brasil não pode abrir mão deste recurso que é tão importante para a saúde e economia do país.

A veiculação começa ainda nesta semana, já que sábado marca o Dia Nacional do Combate ao Fumo. Segundo o CEO e CCO da 11:21, Gustavo Bastos, “Temos orgulho desta campanha como publicitários e como cidadãos. A campanha é forte, simples e impactante, é simplicidade criativa pura a serviço de um país mais justo e digno.”

De acordo com estudo do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Instituto de Efetividade Clínica e Sanitária (IECS), são 156.216 mortes anuais, ou 428 mortes por dia devido ao cigarro.

A mesma pesquisa, realizada em 2015, estimou que o prejuízo causado pelo tabagismo é de R$ 56,9 bilhões, por ano. Desse total, R$ 39,4 bilhões são custos diretos, por gastos com despesas médicas, e R$ 17,5 bilhões com custos indiretos, pela perda de produtividade, como incapacidade ou morte prematura. Para efeitos de comparação, a arrecadação de impostos sobre a venda de cigarros no mesmo período foi de R$ 13 bilhões. O déficit é de cerca de R$ 44 bilhões.