Produtoras

R$ 25 MILHÕES DE PREJUÍZO

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Setor audiovisual apresenta quadro alarmante, repudia atrasos  e pede que anunciantes atendam  prazos de pagamento

Marianna: práticas inaceitáveis

Mapeamento realizado pela Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais, aponta que 95% das empresas ligadas à entidade estão com pagamento em atraso ou receberam pedidos de prorrogação de prazo.

O resultado, é que o montante estimado do prejuízo das produtoras soma mais de R$ 25 milhões. Além disso, 25% das associadas da APRO tem em suas carteiras cerca de R$ 3,5 milhões de trabalhos não pagos referentes ao exercício de 2019.

O cenário reflete a situação do impacto da crise da pandemia nas produtoras, já afetado antes mesmo do início da proibição de filmagens na cidade de São Paulo, determinada pela prefeitura há 40 dias.

Devido à previsão mais otimista de que a crise socioeconômica mundial acarretará numa grande depressão mundial, a APRO avalia que esses dados são alarmantes.

Segundo carta aberta a entidade ao mercado anunciante as incertezas desencadeiam insegurança e comportamentos de retração. “É natural que sejam tomadas decisões emergenciais, preocupadas na proteção exclusiva da própria sobrevivência de sua atividade. Esse receio generalizado acomete desde as grandes corporações até as microempresas, trabalhadores e prestadores de serviços”, diz o documento.

Para Marianna Souza, presidente executiva da APRO, que assina o comunicado, o cenário se torna ainda mais insustentável para o mercado audiovisual publicitário tendo em vista que os anunciantes estão impondo prazos excessivos e intoleráveis para o pagamento de seus fornecedores de produção publicitária.

Como ela, diz, não é de hoje que o tema “prazos de pagamento” ocupa a pauta das discussões e gera tensões nas relações entre os anunciantes e seus fornecedores, nos quais se inserem desde as agências de publicidade até as produtoras audiovisuais, de som e toda a cadeia criativa e seus profissionais.

“Não há mais como esperar. O atual momento pede urgência. Não estamos mais em posição de realizarmos discussões aprofundadas do tema, que se arrastam há tempos e desdobram-se em diferentes níveis, desde questões puramente legais de ordem de pagamento dos profissionais à questionável eficiência produtiva e os impactos desse modelo de negócio que só prestigia um lado”, aponta.

“Chegou o momento em que é necessário manifestar completo repúdio à adoção, unilateral, impositiva, na atual conjuntura, de prazos de 90, 120, às vezes até mais dias, para o pagamento dos fornecedores de produção publicitária. O momento exige o cuidado e a sensibilidade necessária para transpor as dificuldades. É, portanto, totalmente inaceitável que empresas capitalizadas, com franco acesso ao crédito a nível global, transfiram suas responsabilidades e competências para o elo mais vulnerável da cadeia”, constata o comunicado.

Para a APRO, aumentar os prazos de pagamento nesse momento de fragilidade coletiva é determinar a aniquilação de algumas empresas, impor uma concorrência desleal e injusta, resultando num completo desserviço ao mercado.

A entidade lembra que há mercados que marcham em direção completamente oposta, como o norte-americano. A AICP, associação equivalente à APRO, está coordenando uma ação de pagamento de recebíveis das produtoras junto aos anunciantes, como forma de garantir a sobrevivência das empresas no pós-crise.

Dessa forma, a entidade pede que os pagamentos de suas associadas obedeça à escala de, 50% inicial, 30 dias da aprovação do orçamento e o restante do 50% final, 30 dias após a entrega do material offline.

“O cumprimento de prazos já acordados é medida impositiva atualmente, para sobrevivência das empresas produtoras e de todas as pessoas e profissionais que delas dependem”, determina.