Datas

FACULDADE CORRIGE INJUSTIÇA RACIAL

Publicado em

Descrito como mulato, filho de pai pardo e mãe portuguesa, Machado de Assis, o maior nome da literatura brasileira, autor de obras como “Dom Casmurro’, “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e “Quincas Borba”, entre tantas outras, foi muitas retratado como branco para ser reconhecido pela elite cultural.

Mas Machado de Assis era negro, de origem negra, como mostrou a Faculdade Zumbi dos Palmares no Dia Mundial do Livro, celebrado em 23 de abril, em evento com objetivo de corrigir essa injustiça racial.

A revelação oficial aconteceu no ano passado, através do pesquisador Felipe Rissato, que encontrou uma foto do escritor de janeiro de 1908 publicada pela revista argentina “Caras Y Caretas”.

Ação criada pela Grey Brasil com o conceito #MachadodeAssisReal, foi baseada em uma imagem do escritor a partir de dados históricos e fotografias antigas, respeitando seus traços e o tom da pele.

O trabalho, apresentado no anfiteatro da faculdade, visa encorajar novas gerações de artistas negros a mostrarem sua identidade numa sociedade que se torna mais rica e diversa quando dá voz à cultura negra.

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839 no Morro do Livramento, então capital do Império. Seus avós paternos, Francisco de Assis e Inácia Maria Rosa, foram escravos alforriados. Sua mãe Maria Leopoldina era portuguesa e branca. E foi com uma portuguesa, Carolina Augusta, que Machado de Assis se casou, mantendo a tradição familiar.

No evento da Zumbi dos Palmares, o público pode levar os livros do escritor que tinham em casa para serem atualizados gratuitamente com a foto correta, promovendo uma errata contra o racismo. Mais de 300 pessoas atualizaram centenas de livros naquela noite.

Uma roda de conversa com o tema “Embranquecimento do Negro na Literatura” completou o roteiro da programação. Participaram o escritor e jornalista da Nova Frente Negra Brasileira, Abilio Ferreira, a bailarina, coreógrafa, jornalista e astróloga, Leandra Silva, o humorista do grupo Coisa de Preto, Thiago Phz e a empresária e produtora cultural, Rubia Mara.

O projeto inclui um site, que proporciona a possibilidade de participar de um abaixo-assinado online, solicitando que editoras e livrarias deixem de imprimir, publicar e comercializar livros em que o escritor aparece embranquecido e substituam a imagem preconceituosa pela foto certa de Machado de Assis.

Para dar escala ao movimento, adesivos trazendo a imagem de Machado recriada serão encartados em livros na biblioteca da Faculdade Zumbi dos Palmares (onde todos os livros de Machado de Assis serão atualizados), bibliotecas públicas, livrarias, sebos e centros culturais de todo o Brasil.