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MEIO SE UNE CONTRA AS FALSAS NOTÍCIAS

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ANER reúne comunicadores para debater impacto da propagação de mentiras nas redes sociais

 Promovido pela Associação Nacional de Editores de Revistas, o fórum “O papel da Mídia Brasileira na Era da Pós-Verdade” debateu nesta terça-feira (4) em São Paulo, a necessidade de se resistir à propagação de notícias falsas que circulam nas redes sociais e têm impacto nas decisões em âmbitos político, econômico e social.

O evento foi dirigido a profissionais de comunicação, já que os veículos são os principais prejudicados com essa disseminação de falsas notícias. Objetivo principal é garantir à sociedade o direito de informações críveis, apuradas com técnica, rigor e ética profissional.

“Mentiras e verdades não podem ter o mesmo valor. E a pós-verdade pode ser sinônimo de mentira, na medida em que fatos objetivos parecem ter menor influência sobre crenças populares”, disse o presidente da ANER, Fábio Gallo, na abertura do encontro.

Ele destacou a velocidade com que as “fake news” são compartilhadas, lembrando casos como o ocorrido em 2014, quando uma mulher foi espancada até a morte por populares no Guarujá, litoral de São Paulo, acusada de praticar magia negra, o boato inverídico que se espalhou-se nas redes sociais.

Para o jornalista, colunista da rádio USP e professor universitário, Carlos Eduardo Lins da Silva, a definição de verdade já se mostra algo bastante complicado. “Fico com o conceito de pós-fato. É preciso separar o fato do não-fato”, destacou. Lins citou o fato de existir um descrédito geral na sociedade para com as instituições, incluindo a imprensa, o que contribui para o a disseminação de visões alternativas.

O jornalista Chico Mendonça compareceu ao evento como representante do governo federal. Segundo ele, as fake news foram usadas com força para combater as reformas que estão sendo propostas pelo governo. Na sua visão, logo que a gestão de Michel Temer anunciou que faria a Reforma da Previdência, surgiram informações de que o rombo no sistema previdenciário não existia.

Durante sua explanação, o filósofo Luiz Felipe Pondé fez uma análise acerca dos motivos que levam o cidadão a consumir notícias falsas.
“Consumimos mentiras porque gostamos de consumir o que nos diverte. Só relativizamos aquilo que não concordamos”, afirmou.

O jornalista Eugênio Bucci mencionou a paixão e o prazer como fatores decisórios neste processo de escolha, em detrimento da razão. Ele frisou a checagem e a necessidade de disponibilização, cada vez maior, de fatos acessíveis para garantir a entrega de uma informação de qualidade, matéria prima do “bom jornalismo.

O último painel reuniu em um talk show, mediado pela jornalista Monica Waldvogel, o presidente da ANER, Marcelo Rech, da Associação Nacional de Jornais (ANJ), e Paulo Tonet, presidente da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão-Abert, e tratou de democracia e os mecanismos de combate às falsas notícias.