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NIZAN POLEMIZA E SOBRA ATÉ PARA FESTIVAIS

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Perdeu o voo e surgiu via Skype

Um dos palestrantes mais aguardados da edição 2015 do El Ojo de Iberoamerica, o sempre polêmico e irreverente Nizan Guanaes, sócio fundador do grupo ABC, iniciou sua participação no festival pedindo desculpas em seu nome e em nome do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. E se gosta de inovar, mais uma vez ele conseguiu, surgindo no telão para falar ao público por Skype. Depois de explicar que pelo tráfego da capital paulista, ruim normalmente e piorado com as chuvas, acabou perdendo seu voo, conseguiu mesmo assim prender a atenção da plateia. Até porque não poupou nem mesmo os festivais internacionais de propaganda. “O El Ojo é um dos festivais mais importantes do mundo, disse dirigindo-se a Santiago Sarmiento, seu idealizador, mas é preciso tomar cuidado para que não fiquemos com cara de commodity”, disse. E explicou: “Essas premiações estão acabando com a regionalidade. Os profissionais não estão mais criando para seu público, e sim para jurados. Utilizam uma linguagem universal para conquistar troféus e se esquecem do consumidor e suas particularidades”, afirmou.  “Posso falar porque do lado criativo meu grupo já provou sua eficácia, com mais de 100 Leões e títulos de Agency of the Year e Grand Prix. Mas também já fiz muito sucesso com trabalhos nunca premiados. Sempre criei para ter sucesso em festa de aniversário, construir hits para o público”, disse. E para se atingir esse estágio, Nizan garante que é preciso defender a indústria publicitária, o negócio. Os anunciantes querem pagar cada vez menos. Ou em stock options. “Por que Brasil e Japão cresceram na propaganda mundial? Porque protegeram seus respectivos mercados. E assim deve ser em toda a América Latina, que tem profissionais desejados por todo o mundo e altamente criativos. Agora, é preciso que esses talentos sejam remunerados adequadamente. E para isso é preciso que os anunciantes paguem o justo para suas agências alimentarem essa cadeia”. Nizan lembrou que a região latino-americana não tem outros grupos nacionais como o ABC, um dos 20 maiores do mundo. “Tem que se criar redes fortes, inovadoras. Lançamos a primeira agência digital do Brasil, a Click, que além de incrementar nosso negócio ainda foi a Cannes e ganhou o primeiro Grand Prix brasileiro na área. Mas para se chegar a isso foi preciso investir. Vejo a propaganda como show business, mas sem business não tem show”, concluiu. Para ele, é fundamental que as agências latinas lutem pela remuneração. “Defendo todas as plataformas, mas principalmente a Plata”, disse brincando com o significado de dinheiro em espanhol. “A publicidade pode ser online ou off line, mas não pode ser off money”, encerrou.