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DIVERSIDADE JÁ É REALIDADE?

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Mari: a gente não precisa só de discurso

Além do discurso, em todo o mundo empresas lançam políticas e ações em favor da diversidade seja de gênero ou raça, e contra a discriminação. Um grande número de brasileiros felizmente age da mesma maneira, inclusive nas urnas, como ficou demonstrado nestas eleições municipais de 2020. Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais, 30 representantes foram eleitos no país.

Na publicidade, a Academia de Filmes anuncia a contratação de Marianne Clemente, primeira mulher trans na produtora, para sua área de Atendimento.

Marianne é formada em Administração e Ciências contábeis, com pós Graduação em Gestão Pública. Seu último trabalho foi como recepcionista executiva bilíngue em uma multinacional de telecomunicações. Ela também assessora a cantora MC Trans, é professora de maquiagem, atriz e voluntária em ONGs de direitos humanos.

“A Marianne chega na Academia em um ótimo momento. Nós enxergamos esse movimento das marcas em busca de uma maior diversidade nas suas comunicações, e ela vem com esse propósito de aproximar o diálogo e falar a mesma linguagem dessas marcas. Além disso, a contratação dela ajuda a tornar nosso ambiente ainda mais plural e diverso, contribuindo para atrair mais talentos na casa” diz Elaine Salles, produtora executiva da Academia de Filmes

“A Academia de Filmes é, e sempre foi, um lugar aberto à diversidade. Estamos convictos da urgência e necessidade do movimento de inclusão, E já. Não só planos, mas ação”, completa.

A contratação da Marianne se deu por suas qualidades e seus talentos. A princípio, a ideia seria a contratarmos para outro cargo. Entretanto, na entrevista, ela nos surpreendeu ao deixar expresso todo o seu potencial que, se voltado para a área de atendimento, poderia ser desenvolvido. Então juntos, nós e ela, traçamos um plano de carreira que nos pareceu a todos seria muito mais enriquecedor e profícuo em todos os aspectos. Ela, estamos certos, acrescentará muito à equipe e à empresa”, explica Marily Raphul, sócia e fundadora da Academia de Filme.

“A gente espera ser inserida. E existe a forma correta de fazer isso. Não buscamos privilégios, mas é uma forma diferenciada porque desde muito cedo foram cerceados nossos espaços. Quantas travestis no atendimento ou dentro de produtoras e empresas de comunicação e propaganda você conhece? É muito fácil falar de diversidade e colocar uma bandeira LGBT na sala, por exemplo. Porque isso é visual. Mas a diversidade vai acontecer mesmo quando você contratar alguém. Não é só um discurso, você mostra. Hoje o que a gente precisa não é de discurso. A representatividade da minha figura é muito importante para que outras empresas vejam como exemplo que elas também podem contratar uma travesti. Hoje, uma empresa que não se prepara para a diversidade estará por fora das tendências do mercado”, comemora Marianne.

Valentina: urgência de  diversidade

No mundo da Comunicação, uma boa notícia vem de Paris, com a nomeação da trans brasileira Valentina Saluz como diretora da Nexxt Communications, responsável por atender artistas, marcas e revistas famosas.

A escolha de Valentina para o cargo na Nexxt Communications foi estratégica. A empresa que tem matriz em São Paulo, quer promover negócios que envolvam responsabilidade social e diversidade no mercado Europeu, como já é feito no Brasil.

“O Brasil tem uma discussão sobre gênero muito ampla e o mercado de moda e publicidade no Brasil já sente o impacto e a urgência de promover a diversidade na frente e fora das câmeras”, conclui Valentina.