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CALA A BOCA JÁ MORREU

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App “Women Interrupted” denuncia quanto as mulheres são interrompidas por um homem

Uma das formas de violência contra a mulher, o “Manterrupting”, comportamento machista que a impede de concluir sua fala, já pode ser detectada através de um aplicativo.

Já disponível na Internet (veja o vídeo abaixo), o app foi inspirado no primeiro debate dos candidatos às eleições norte-americanas no ano passado, quando Donald Trump interrompeu Hillary Clinton por 51 vezes.

A iniciativa é da agência BETC e celebra o Dia Internacional da Mulher. A plataforma é capaz de contabilizar quantas vezes um homem interrompe a fala feminina.

O objetivo do Woman Interrupted App é ampliar o debate em torno do Manterrupting e conscientizar o público masculino, que muitas vezes não reconhece o comportamento de desequilíbrio de gênero.

“À primeira vista, pode parecer um problema pequeno, mas que reflete questões mais profundas da desigualdade de gênero no trabalho e na sociedade. O aplicativo é uma forma de mostrarmos que, na verdade, a interrupção é real e alarmante”, diz Gal Barradas, sócia-Fundadora e Co-CEO da BETC São Paulo.

Apesar de poder ser utilizado em qualquer ambiente, o Woman Interrupted foi criado pela agência pautado no mercado de trabalho, para uso em apresentações e reuniões profissionais. Para utilizá-lo, basta fazer o download gratuito nos sistemas Android e IOS e começar a usar em um dos quatro idiomas disponíveis: português, inglês, espanhol ou francês.

Para identificar as interrupções com maior precisão, a plataforma solicita que o usuário calibre e registre sua voz. O app aproveita o microfone do celular para analisar conversas e detectar o número de interrupções durante o período em que estiver ativado. Com a voz do usuário como parâmetro e a diferença na frequência de voz masculina e feminina, sua tecnologia permite identificar em que momentos a usuária foi interrompida por um homem ou, no caso de um usuário masculino, em quais momentos ele interrompeu uma mulher.

Para Gal Barradas, o Manterrupting desvaloriza a participação feminina em reuniões e apresentações. “Nós, mulheres, lutamos diariamente para conseguirmos nosso espaço no mercado e o direito de nos expressar”, reivindica.